Charneca em Flor
O frêmito das coisas dolorosas ...
Sob as urzes queimadas nascem rosas ...
Nos meus olhos as lágrimas apago ...
Anseio! Asas abertas! O que trago
EM MIM? Eu oiço bocas silenciosas
Murmurar-me as palavras Misteriosas
Que perturbam meu ser como um afago!
E, nesta febre ansiosa que me invade,
Dispo um MORTALHA minha, o meu Bruel,
E já não sou, Amor, Soror Saudade ...
Olhos a arder em êxtases de amor,
Boca a saber a sol, um fruto, a mel:
Sou a charneca rude a flor em abrir!
Florbela Espanca
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